No início de abril escrevi sobre minha revolta quanto a demora das notas dos relatórios do mestrado, coloquei toda minha emoção lá. Alguns amigos elogiaram e até indentificaram-se com o que escrevi. Foi um texto passional como eu, mas com muita verdade, pois minha cólera não chegou a cegar-me...rs
Mas ali canalizei toda a frustração e indignação com a demora em cima da academia e com certeza não arrependo-me de uma só palavra. Entretanto, esqueci-me que não só a academia é hipócrita e arrogante, somos todos afinal!
Bem malta, PASSEI!!! E hoje fiz o que não fazia desde de 30 de setembro de 2008, li meus relatórios. Não o fiz mais vezes durante este tempo, pois tinha medo de encontrar ali fundamento para uma reprovação e acabar por torturar-me ainda mais. Após ler pensei: "provavelmente só duas pessoas leram isso, digo provavelmente, pois sabe-se lá como o professor auferiu nota...rs". Este pensamento trouxe a tona algo que já havia ocupado minha mente: qual a utilidade destes relatórios se mais ninguém vai lê-los?
Alguns podem pensar que isto só dependa de mim a autora dos mesmos..., mas caso os publique os prováveis leitores serão alguns estudantes de graduação que por acaso escolham algum dos meus temas para suas monografias, eles vão simplismente fazer trabalhinho de colagem com eles...
Nem minha mãe leu meus relatórios! hahahahahaha e olha que ela é advogada e supostamente interessa-se por ciências jurídicas...rs
Depois de ler os 3 três relatórios pude ponderar e perceber que estão bons! hahaha deveria tê-los lido antes, poderia ter acalmado-me... tststs, aprendi mais essa! Ao ler o relatório que fiz com mais empenho, pois o tema realmente interessava-me, vi na conclusão do mesmo um trecho* que comprovou que nada foi em vão, mestrado, trabalho, Portugal..., neste trecho uso um debate da aula para justificar minha conclusão, e ali vi a minha verdade, finalmente a encontrei!
Sei que ainda vou questionar minha capacidade por muitas e muitas vezes em minha vida, pois se até os gênios o fazem. Mas a partir de agora vou fazê-lo com autoridade de quem sabe do que está falando, pois agora sei o que posso fazer, conheço um pouco mais sobre meus limites. E o melhor, não foi a aprovação dos professores que trouxe este conhecimento, fiquei aliviada quando vi o resultado, mas só agora ao reler meus relatórios tive certeza de que a minha própria aprovação é o mais importante! Depois que venha a dos outros, muito depois!
*Durante as aulas da disciplina de História das Relações Internacionais, os debates muitas vezes corriam em torno desta temática e de como a conjuntura internacional atual, já se formava nos primórdios das relações internacionais. Falamos também da temática da memória e do esquecimento, que faz com que supervalorizemos alguns fatos históricos, e esqueçamos outros que podem ter sido marcos para o que há hoje. E esta pode ser a maior crítica que podemos fazer a obra de Huntington, o esquecimento. Pois ao estabelecer as civilizações da forma que estabeleceu, esqueceu-se do passado, da possível origem de nossas sociedades, uma origem una, sem divisões por religião, cultura ou raças. Pois, ao mesmo tempo que temos que respeitar todas estas diferenças, é preciso lembrarmo-nos das nossas semelhanças e no que somos iguais. (SÁ, Helena. Análise da Teoria do Choque das Civilizações elaborada por Samuel P. Huntington. Lisboa, 2008.)